Nem familiares, nem amigos, nem qualquer vizinho. Exatamente 45 candidatos a deputado federal, estadual ou distrital em todo o Brasil receberam apenas um voto nas eleições deste domingo (3). Com os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é possível observar que dos 45 pretendentes a cargos em assembleias legislativas e câmaras Federal e Distrital, pelo menos 38 são mulheres. Os partidos são obrigados por lei a reservar 30% das suas vagas para candidatos do sexo oposto, em geral destinadas a elas. E, em muitos casos, não há empenho para a conquista desses votos.
Quarenta e quatro pessoas dessa lista restrita de um voto foram candidatos a estadual ou distrital. Só uma candidata a federal aparece entre os não tão prestigiados (veja lista). O nome dela é Iraciara Santos de Araújo (PTC-AP), professora divorciada de 39 anos nascida em Altamira, Pará. “A única que recebeu apenas um voto no Brasil inteiro fui eu, é? Meu Deus do céu. Na verdade, eu realmente lancei candidatura, mas eu me dediquei mais à campanha do partido aqui”, disse sorrindo, por telefone, à reportagem.
Ao todo, 11 estados, incluindo o Distrito Federal, registraram candidatos com um voto recebido. Roraima teve o maior número de aspirantes a cargos de deputado estadual que receberam apenas um voto. Lá, foram nove, sendo sete mulheres. O partido que concentrou a maior quantidade de “desprestigiados” foi o PTC (seis no total). Em seguida aparece o PTB, com quarto. Grupos maiores como o PT (1), o PSDB (3), o DEM (2) e o PMDB (1) também não escaparam.
O TSE ressalta que, quando um eleitor erra o número do candidato ou da coligação na hora que em está votando na urna eletrônica e aperta “confirma”, o voto é anulado imediatamente, sem direito a correção. Isso pode ser, em uma visão otimista, uma das explicações para os 45 candidatos terem recebido apenas um voto.
Para o especialista em direito eleitoral Bruno Rangel, existem três hipóteses para que o candidato ao cargo eletivo tenha conquistado apenas o próprio voto. A primeira seria a falta de organização dos partidos políticos, que muitas vezes recrutam candidatos apenas para cumprir a reserva obrigatória de 30% aos pretendentes do sexo oposto.
Rangel também acredita na hipótese de servidores públicos se candidatarem apenas para servirem como cabos eleitorais para outros, já que eles continuam sendo remunerados durante a campanha. “Assim, os servidores licenciados não envidam esforços para a própria campanha e, consequentemente, não conquistam votos. Às vezes nem eles voltam em si mesmos”, acredita. Uma última e menos provável suspeita é a de que os candidatos não tiveram realmente qualquer prestígio junto aos eleitores. “É difícil de acreditar que o candidato não tenha conquistado sequer o voto da esposa, mãe ou outro parente e amigo”, afirma.
► Já teve uma eleição aí que o próprio candidato esqueceu de votar nele. Zero votos.
Um comentário:
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