"Não Existe Amor em SP"
(letras e música: Criolo)
(letras e música: Criolo)
Não existe amor em SP
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro tuas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro tuas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus
*
Acredite nesse 'hype'
Para o bem do próprio rap, é preciso contradizer um de seus maiores hinos: "Don't Believe the Hype", do Public Enemy.
Isso porque, para além do "hype", de ser o atual objeto do desejo, na carne e na música, MC Criolo tem, sim, o que dizer e mostrar.
Ele fez as escolhas certas -- líricas, sonoras e de estilo -- no momento certo, após 23 anos de uma carreira obscura em um gênero cercado de preconceitos.
Enquanto o rap é fonte primordial da música pop norte-americana há pelo menos dez anos, o Brasil só agora flerta com a possibilidade de democratizá-lo. E Criolo faz parte desse movimento ao criar uma ponte entre periferia e centro, pretos e brancos, manos e hipsters.
De um lado da ponte, suas letras ampliam o repertório do rap ao extrapolar o conteúdo de denúncia social. Por isso, do outro lado da ponte, elas não são mero objeto de sociologismos.
O artista usa a linguagem cifrada dos MCs. Mas, quando temas característicos do rap nacional, como o crime e a desigualdade, dividem estrofes com a solidão na metrópole e o amor não correspondido, fica fácil penetrar no seu dialeto. O discurso se torna universal.
Essa política de inclusão lírica é também musical. "Nó na Orelha", disco de 2011 que consagrou Criolo, intercala samba, reggae e bolero às faixas de rap com produção de qualidade inédita no gênero, a cargo de Daniel Ganjaman.
E houve um elemento crucial para que as escolhas certas e o momento certo, de fato, funcionassem: carisma.
Boa-pinta e bem-humorado, Criolo não precisa posar de mau e intimidar. Ri, sorri, brinca, corre e dança em suas apresentações ao vivo. Sua atitude, apesar de um tanto combativa, é também festiva.
Se para toda regra existe uma exceção, o decreto que o Public Enemy fez nos anos 1980 parece ter encontrado a sua. É possível acreditar no "hype".
FERNANDA MENA, editora da Ilustrada► Ainda existe amor em SP
Um comentário:
Pô Dennyswaldo... Eu to querendo mudar - mas qdo vejo essas parada de Sampa, dá aperto no coração
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