Texto: Conselho Consultivo do Salão Internacional de Humor de Piracicaba
A violência em São Paulo, mais uma vez, mata e empobrece a cultura brasileira. Aos 53 anos, no auge de sua produção artística, morre assassinado em sua casa o cartunista paranaense Glauco Villas-Boas.
Glauco, como era conhecido, foi descoberto pelo jornalista José Hamilton Ribeiro, então diretor do Diário da Manhã, em Ribeirão Preto, interior paulista. Lá começou a publicar suas tiras cômicas.
Mas foi na 4ª edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, em 1977, ao conquistar um dos prêmios, que Glauco foi projetado no cenário artístico brasileiro e internacional. Com seu imenso talento, criatividade, estilo único e, em especial, humor inteligente baseado no comportamento da nossa sociedade, que Glauco saltou, ainda no mesmo ano, para as páginas da Folha de S.Paulo.
Em 1984, a mesma Folha abriu espaço diário para a nova geração de cartunistas brasileiros. Glauco estava entre eles e, assim, ficou conhecido em todo o País. Surgiram seus principais personagens: Geraldão, Zé do Apocalipse, Dona Marta, Doy Jorge, Casal Neuras, Geraldinho e outros.
Multimídia, também era músico e se apresentava em bandas de rock. Integrou a equipe de redatores do TV Pirata e do TV Colosso, programas da TV Globo. Publicou livros de humor.
Em plena Era Digital, Glauco continuava fiel à prancheta, desenhando à mão com nanquim. Usava o computador apenas para colorir os trabalhos, depois de escanear cada um deles.
Glauco registrou, a cada momento, as transformações pelas quais passou o mundo, o Brasil. Era um profundo conhecedor e critico da alma humana, mas sempre de maneira bem-humorada, provocando reflexões.
O Brasil e o mundo perdem um de seus maiores cartunistas.
Restam, diante de mais esta tragédia, as perguntas:
- Senhores governantes, até quando?
- Quantas vidas ainda faltam para que seja colocado um basta na violência?
Ricardo Viveiros e Zélio Alves Pinto, respectivamente, presidente e vice-presidente do Conselho Consultivo do Salão Internacional de Piracicaba
► Todos os fãs de quadrinhos eram fãs de Glauco. Eu, inclusive me inspirei muito nele, um dos motivos que comecei a desenhar. A Folha sintetizou bem a falta de Glauco no mundo das HQ´s. Deixou espaços em branco nos locais onde apareceriam ilustrações. Triste.
Um comentário:
realmente grande perda....
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