Sem que você perceba, ou possa fazer qualquer coisa a respeito, sua vida acabou. Numa bola de fogo ou nos 4 000 metros de água congelante abaixo de você naquele mar sem fim.
Você que tinha acabado de conseguir dormir na poltrona ou de colocar os fones de ouvido para assistir ao primeiro filme da noite ou de saborear uma segunda taça de vinho tinto com o cobertorzinho do avião sobre os joelhos.
Talvez você tenha tido tempo de ter a consciência do fim, de que tudo terminava ali. Talvez você nem tenha tido a chance de se dar conta disso. Fim.
Tudo que ia pela sua cabeça desaparece do mundo sem deixar vestígios.
Como se jamais tivesse existido. Seus planos de trocar de emprego ou de expandir os negócios.
Seu medo da velhice, suas preocupações em relação à aposentadoria.
Sua insegurança em relação ao seu real talento, às chances de sobrevivência de suas competências nesse mundo que troca de regras a cada seis meses.
Seu receio de que sua mulher, de cuja afeição você depende mais do que imagina, um dia lhe deixe.
Ou pior: que permaneça com você infeliz, tendo deixado de amá-lo.
Seus sonhos de trocar de casa, sua torcida para que seu time faça uma boa temporada.
Suas noites de insônia, essa sinusite que você está desenvolvendo, sua saudade do cigarro.
Os planos de voltar à academia(toda segunda-feira), a grande contabilidade (nem sempre com saldo positivo) dos amores e dos ódios que você angariou e destilou pela vida, as dezenas de pequenos problemas cotidianos que você tinha anotado na agenda para resolver assim que tivesse tempo.
Bastou um segundo para que tudo isso fosse desligado.
Para que todo esse universo pessoal que tantas vezes lhe pesou toneladas tenha se apagado.
Como uma lâmpada que acaba e não volta a acender mais.
Fim.
Então, aproveite bem o seu dia. Não deixe nada para depois.
Não guarde lixo dentro de casa. Não cultive amarguras e sofrimentos.
Prefira o sorriso.
Trabalhe, seja eficaz.
Dê risada de tudo, de si mesmo. Seja feliz.
Faça o seu melhor. Sempre.
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